domingo, 18 de abril de 2010

Tempo de acreditar e fazer

"O tempo é sempre pouco quando nosso amor se encontra. Temos que aumentar o tempo ou encurtar o amor?". A afirmação seguida da pergunta foi feita por Lóri a Leopoldo, que considerava original a forma poética como ela se expressava.

“Aumentar o tempo”, disse Leopoldo. Lóri gostou da resposta, mas sabia que por enquanto não passava de uma frase. Desejava a prática do que era verbalizado por Leopoldo. Tinha sede de palavras, mas não lhe servia qualquer uma. Gostava das que se revelavam concretamente através de ações.

Emoção nos gestos, no olhar e na voz de seus dedos quando escrevia os pensamentos que vinham em sua cabeça, assim era Lóri. Mistura de poesia e sangue; hematopoiese.Entre uma palavra e outra no papel confidente, buscava respostas e se procurava e se perdia. Então reconhecia que o papel guardava segredos que até ela desconhecia. Nem tudo era revelado. Nem tudo era claro. Afinal, Lóri não tinha todas as respostas que desejava ou talvez temesse uma resposta que a desagradasse.

“A vida começa do outro lado do desespero”, enfatizava Lóri, repetindo o pensamento de Sartre, filósofo francês. Leopoldo e Lóri conheceram-se numa manhã de primavera do ano de 1960. Uma história de amor que se pensa possível apenas nos cinemas, mas que se tornou real.

Eles se encheram de coragem e atravessaram a porta. Um amor prisioneiro do medo que Lóri sonhou livre e possível. E que se concretizou. Uma lição que devemos adotar num tempo em que se dá pouca importância ao sentimento e à força das palavras.

Por Fátima Nascimento; texto escrito em novembro de 2008.

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