O dia amanheceu azul. Na véspera olhara para o céu e ao ver tantas estrelas imaginou que o dia seguinte seria de céu limpo. Mas não que para ele fizesse alguma diferença se o tempo fosse de chuva ou não. Passaria o dia estudando, trabalhando e ... pensando.
Tinha decisões a tomar e sempre que se dedicava a resolver tais problemas doía-lhe a cabeça. Para um homem voltado à razão, pensar a emoção era exaustivo. Podia escolher o caminho mais fácil – dizer não à mudança – ou se embrenhar no que parecia mais difícil, mas cujas chances de satisfação eram bem maiores.
Dizia pra ele mesmo que não tinha medo, que “mudanças” não o assustavam, mas relutava em trilhar a direção apontada por um sentimento que acelerava seu coração e lhe dava uma doce euforia.
Desejava seguir o caminho do sentimento, mas se negava a caminhar nele. Não se dera conta, ainda, que a angústia crescia à medida que ia contra o seu desejo. Se andasse a favor do que sentia, as soluções apareceriam, certamente.
Quando a noite chegou intensa de escuridão, escreveu uma carta. Era pra ser uma despedida. Disse tantas coisas que não queria e que sabia não conseguiria falar se contemplasse o olhar e sorriso dela. Ele se sentia tão inteiro ao lado da mulher que dizia amar que ao partir deixava de estar completo. Mesmo assim enviou-lhe a correspondência.
A carta chegou no dia seguinte. Ela leu cada linha. A natureza, solidária ao pranto de seu coração, chorava lá fora. Doía saber que o que ele dissera era o contrário do que ele gostaria de ter dito. Ela sabia que uma parte dele estaria incompleta, talvez pra sempre. E uma parte dela, também.
O dia seguinte poderá chegar ensolarado. Sol lá fora e dentro deles. Afinal, o escrito na carta foi dito sem desejar.
Por Fátima Nascimento; texto escrito em dezembro/2008
Tinha decisões a tomar e sempre que se dedicava a resolver tais problemas doía-lhe a cabeça. Para um homem voltado à razão, pensar a emoção era exaustivo. Podia escolher o caminho mais fácil – dizer não à mudança – ou se embrenhar no que parecia mais difícil, mas cujas chances de satisfação eram bem maiores.
Dizia pra ele mesmo que não tinha medo, que “mudanças” não o assustavam, mas relutava em trilhar a direção apontada por um sentimento que acelerava seu coração e lhe dava uma doce euforia.
Desejava seguir o caminho do sentimento, mas se negava a caminhar nele. Não se dera conta, ainda, que a angústia crescia à medida que ia contra o seu desejo. Se andasse a favor do que sentia, as soluções apareceriam, certamente.
Quando a noite chegou intensa de escuridão, escreveu uma carta. Era pra ser uma despedida. Disse tantas coisas que não queria e que sabia não conseguiria falar se contemplasse o olhar e sorriso dela. Ele se sentia tão inteiro ao lado da mulher que dizia amar que ao partir deixava de estar completo. Mesmo assim enviou-lhe a correspondência.
A carta chegou no dia seguinte. Ela leu cada linha. A natureza, solidária ao pranto de seu coração, chorava lá fora. Doía saber que o que ele dissera era o contrário do que ele gostaria de ter dito. Ela sabia que uma parte dele estaria incompleta, talvez pra sempre. E uma parte dela, também.
O dia seguinte poderá chegar ensolarado. Sol lá fora e dentro deles. Afinal, o escrito na carta foi dito sem desejar.
Por Fátima Nascimento; texto escrito em dezembro/2008