domingo, 18 de abril de 2010

Dia surpresa

Eram cinco da manhã quando acordou já sem sono nenhum. E nem havia ido dormir tão cedo. À uma da madrugada foi pra cama. Quatro horas de noite dormida pareceram suficientes para recarregar a bateria de seu corpo e mente. Estava animado, embora não tivesse planejado nada de especial para aquele dia.

Olhou no espelho e não viu olheiras. Foi até a varanda e aspirou com toda força o ar da manhã. “Delícia!”, exclamou. Os pássaros cantavam. Uma brisa suave tocou seu rosto, balançou seus cabelos. Desejou sentir o aroma e sabor de café; foi preparar o desjejum, mas antes ligou o aparelho de música e o som do sax invadiu todos os cômodos.

Desejou ligar para um amigo e falar do seu bem-estar, mas era muito cedo e não queria ser inoportuno. Conteve-se. Pegou uma folha de papel e se pôs a escrever trovas, o que era um desafio, pois tinha dificuldade em colocar sete sons em cada verso, embora fizesse rimas com certa facilidade.

Vivia sozinho. Tinha a companhia da música e das palavras. Um amante da escrita! Gostava de ser livre e dizia que uma pessoa sem liberdade é como um passarinho que não pode voar, com desejos algemados, passos vigiados, coração engaiolado. Mas naquela manhã, especialmente, desejou uma companhia.

Teve uma idéia estranha: a primeira pessoa que visse passando chamaria pra tomar café com ele. Foi pra varanda e esperou. Avistou ainda à distância um senhor que caminhava com alguma dificuldade. Estava decidido: convidaria aquele homem.

Não quis acreditar no que seus olhos insistiam em ver. Era uma pessoa com quem deixara de falar havia 10 anos. Agora sabia que o dia diferente era o prenúncio de que algo especial aconteceria. Chamou o homem.

Pai e filho tomaram café, ouviram música e fizeram trovas. O Dia dos Pais estava próximo. Anteciparam a comemoração.

Por Fátima Nascimento; texto escrito em agosto/2008.

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