- Lóri, cadê você? - perguntou Leopoldo ao entrar na sala.
Todas as luzes estavam apagadas. Uma música vinha de um dos quartos. O homem que Lóri ama decidiu esperar que ela aparecesse. Não quis acender as luzes para procurá-la. Não sabia de que direção ela viria, mas chegaria, possivelmente, com um sorriso nos lábios e o olhar brilhante.
Dez minutos se passaram até que ela surgiu. Acendeu a luz. O sorriso não estava inteiro. Deixou que a boca se abrisse e recebeu o beijo de Leopoldo. Não havia novidade na fala de ambos: amor, saudade, desejos.
- Vou viajar e não sei quando volto - de repente anunciou Lóri.
Leopoldo não disse uma palavra. Mas por dentro parecia um adolescente com dezenas de perguntas na cabeça e uma insegurança tremenda. "Será que ela vai voltar? Será que ainda vai me querer?", perguntava-se.
Lóri novamente apagou a luz. Na escuridão não se via sua face molhada. Na escuridão ela se imaginava dormindo e mantinha a esperança de que acordaria com a cortina escancarada para o azul do céu e o verde das árvores.