O céu estava vestido de azul. As ondas do mar iam e vinham num mesmo ritmo, com calma. Uma brisa suave diferia muito da ventania que levantou a areia no dia anterior. A antítese era Leopoldo. A cada dois minutos conferia no relógio o tempo que faltava pra revê-la. A ansiedade crescia à medida que as lembranças pareciam ganhar vida.
Na rodoviária desembarcara uma mulher que nos olhos apresentava um brilho diferente. Não era apenas um olhar reluzente em um rosto. Havia mais. "Sou Lóri", disse ela ao taxista, "estou aqui pra embrulhar a felicidade". O motorista não entendeu e fitou os olhos da passageira pelo retrovisor. No rádio do carro uma música fez Lóri viajar. Uma lágrima emocionada rolou de sua face.
Leopoldo e Lóri não se viam há muitos anos. Seguiram caminhos diferentes, embora intuíssem que uma vida em comum seria satisfatória. Não era o acaso que os aproximava novamente. Determinada, ela consultou a lista telefônica e combinou o encontro. De uma coisa tinha certeza: suas pernas bambeariam. Talvez a emoção viesse a conter as palavras, mas não haveria ausência de ternura, também sabia.
O táxi parou defronte ao local combinado. Dois corações pulsavam freneticamente. A perna bamba dela e a voz trêmula dele eram o prenúncio daquele encontro. Tantas histórias vividas juntos, outras tantas havidas enquanto estiveram distantes. Leopoldo portava uma mala; Lóri, um embrulho.
- Que saudade - disse ele. Olhou-a melhor, completou: "Você está ainda mais linda".
As palavras pareciam ter fugido da boca de Lóri. Pegou o embrulho, entregou para Leopoldo. Fez sinal para abrir. Era uma caixa de papelão com fita verde, muito leve. Ele puxou a fita com os lábios, já se insinuando pra ela. Lóri enrubesceu.
"A caixa está vazia!", surpreendeu-se Leopoldo. Era a misteriosa e intrigante Lóri que ele conheceu e amava. Ela carinhosamente puxou uma das mãos dele e junto da dela conduziu ao interior da caixa.
As mãos dele e dela – juntas – foi o presente que se deram. A caixa agora estava cheia de felicidade.